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Cozinha Tradicional de Azinhaga  

(IN – Azinhaga Livro De Horas de Augusto do Souto Barreiros) 

Destruída já na sua arquitectura rural, com a conivência dos edis que só não será maquiavélica porque, enfim, Maquiavel era inteligente, Azinhaga, a velha Azzancha dos árabes é, como se sabe, de remota criação. Teve foral concedido por D. Sancho II. Por oragos, Santa Maria do Almonda e Nossa Senhora da Conceição. Isto pode não ter importância. Pode, mas é nota, como se viu, da sua história.

Humilde, mas sua que se deverá conhecer e respeitar. E tanto assim que dela falaram em livros, Frei Luís de Souza, Visconde de Santarém, Camilo Castelo Branco, Conde de Sabugosa, Pinho Leal, Alberto Pimentel, Francisco Câncio, José Serrão de Faria, Matos Sequeira, Simões Muller, Veríssimo Serrão, José Saramago e Luís Chaves, o que afirmou que se “o Ribatejo tem treze modas, sete são de Azinhaga”.

É, repete-se, a freguesia rural mais rica do País. Tejo a dois passos, Almonda a seus pés, está encaixada entre fartos espargais e exuberantes lezírias. E a rodeá-la, como sentinelas, para além da modéstia de vários casais, a grandeza opulenta de dez quintas, algumas das quais famosas. Para a pequenez da aldeia, a raridade de duas, ou mesmo três Igrejas, e o número astronómico de nove, dez Ermidas.

E, como noutro sítio se escreveu, era latifúndio de fartura gorda e de fidalgos de bom sangue como os Serrões, os Figueiredos, os Juzarte, os Saldanhas, os Zarco da Câmara. Até que um pacífico burguês de Castelo Branco, o novo rico Raphael José da Cunha, comprando quase tudo a quase todos, se transformou, por mercê real, no “lavrador do Reino”.

Em oposição a eles, a arraia miúda de trabalhadores rurais, raça de pessoal desorganizado, orgulhoso, indomável, mas, sei lá, com um estranho e misterioso sentido estético da vida: no campesinato, na poesia, na campinagem, na música, na bailação.

E foi a sublimação terrena deste dom, neles e nas suas mulheres, bonitas mulheres, que na época das grandes formes ou no lapso de minguadas abundâncias, os fez, as faz, inventar uma cozinha rica feita de coisas pobres.
Mas pronto: são horas do almoço às dez da manhã, do jantar às duas da tarde ou da ceia às oito da noite. E como os passadios servem a qualquer destas refeições, contemo-los então, começando por aqueles que percorrem a gastronomia do ano inteiro.

  • Velhozes

  • Cabrito com Grelos à Moda de Azinhaga

  • Canelos

  • Cagarrinhas com Feijão

  • Saramagos com Feijão

  • Calabacho

  • Manjangué

  • Sardinhas Assadas

  • Sardinhas Estrugidas

  • Miga de Tomate

  • Tomatada

  • Caldeirada de Feijão Verde

  • Bolos de Noiva

  • Arroz Doce

  • Enguias no Espeto

  • Açorda de Sável

  • Favas no Azeite

  • Lombo de Porco Assado

  • Arroz de Bucho

  • Alapardana

  • Bacalhau na Brasa

  • Massa com Bacalhau

  • Couve com Grão

  • Requentado

  • Couves com Feijão

  • Sopa de Feijão Frade