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Canelos

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Também uma crucífera de geração espontânea, aparecem pelos invernos em terrenos alagadiços. Afogam-se, como os grelos, em água a ferver. Finda a cozedura, os canelos temperam-se com vinagre e azeite, sempre o azeite da divisão errada das sutas moídas no lagar. Comem-se com o que houver: sardinhas, bacalhau, toucinho… Se a arca estiver vazia, custa, mas engolem-se sozinhos. Na humidade dos dias pardos, nas estrelas filtradas pelas sombras, no frio que atravessa telhados de telha vã, na azáfama de ocasião nas chaminés espantadas, na paz antiga ungida nas famílias, sente-se o Natal. A garotada inquieta-se. Não que esperem brinquedos que os não podem as semanadas dos pais. De acordo com as estações, chega-lhe brincar ao boi, joga à bilharda, ou ao botão, à nicha ou à roda-bota-fora. Chega-lhes, mas cheira-se Natal. E, nas casas grandes, pela sagração da hora, no calor amigo, muito íntimo das lareiras, também se vive Natal.

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