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Sardinhas Assadas

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Busca-se, ali no chão raso da trevagem, uma bosta de boi forte, fofa, farta. E seca, também. Com uma pá leva-se com cautela para sombra fresca de maracha. Bota-se-lhe fogo. Arde instantânea porque, afinal aquilo é palha. Quando sem fumo, distribuem-se, ao de cima, sardinhas frescas, gordas, sumarentas. Sardinhas de Julho ou Agosto. Poucas, que as comedorias do maioral são pequenas. E da jorna do ajuda nem se fala. Logo que assadas, molharentas, a reinventarem a gula, colocam-se numa fatia de pão e, com a ponta do canivete, devoram-se sem nojo, bocadinho a bocadinho para prolongarem o êxtase. E céus! sabendo saborosamente a elas mesmas no sabor que dão e se eterniza na boca, associam a campina e o mar, o trevo e o frescum à quentura bravia do seu gosto. O pessoal come, se come (como à ceia) apenas um prato, seja de sopa, seja de garfo, durante as refeições no trabalho: o almoço e o jantar. Trazem-nas, em caldeiras de esmalte ou de folha de Flandres, dos sobejos da véspera repoupados em casa, Ou, pode ser, preparam-nas no local em fogueiras fumarentas de gravelhos secos.

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