Project Description
Centenário de José Saramago
1922-2022
Referindo-se à Azinhaga, sua aldeia natal, José Saramago disse “Nós somos muito mais da terra onde nascemos, e onde fomos criados, do que imaginamos”. Essa terra são o Rio Almonda, o Paúl do Boquilobo, os olivais, as faias e os choupos, o lagarto verde, as conversas com os avôs maternos Jerónimo e Josefa. E é esta terra que se recupera no Centenário do Nascimento de José Saramago, num programa conjunto entre a Fundação José Saramago, a Câmara Municipal da Golegã e a Junta de Freguesia da Azinhaga.
À terra regressarão as oliveiras, a centésima de nome Josefa a plantar no dia 16 de novembro, devolvendo um pouco dessa “infância roubada” e aliviando o desgosto que o próprio José Saramago confidenciou numa entrevista em 1996. Por aí andarão os lagartos verdes que nascem da imaginação das crianças, a passarola que, com as vontades da comunidade local, levantará voo, e a arca azul que irá acolher outras memórias da aldeia. As ruas da Azinhaga e da Golegã, encher-se-ão de música, teatro e cinema, por onde certamente caminhará “aquele menino” a quem José Saramago se referiu como o seu arquitecto. Do Almonda ressoarão ecos de um novo compromisso para que possa ser novamente navegável e onde as gentes da aldeia possam voltar-se a banhar.
Haverá mais nesta terra para celebrar José Saramago como a Biblioteca Municipal que levará o seu nome, um roteiro que assinalará os locais saramaguianos na Azinhaga, bem como a realização de diversas exposições de artes visuais e a apresentação da curta-metragem “Das pequenas memórias”. Este é o convite que endereçamos para celebrar os cem anos de José Saramago na terra onde “teria que voltar […] para acabar de nascer.”
Ana Matos
Curadora da Fundação José Saramago