Project Description
Alapardana
Água numa panela posta no fogareiro. Logo que borbulhar, sinal que ferve já, deita-se couve de todo o ano amachucada a murros por gente de pulsos fortes. Repara-se se estão quase cozidas. Se sim, é o momento de, com dedos vigorosos, se esfarelar, sobre elas, aos poucos pedaços de pão de milho. Mistura feita, abre-se, no meio da panela, uma covinha onde se depõem, ao jeito e ao faro de quem prepara, alho picado e azeite. Que se não esqueça o sal. Ao cheio bom de outra fervedura, deita-se para o vaso pão alvo enfatiado na intenção de se conseguir, como se consegue, que tudo se encontre seco e a erguer-se, a subir do fundo como que em ascensão. Acompanhamento natural, bacalhau assado à moda da aldeia. Sempre que o pão cai no embarrado das casas ou no chão prenhe da planície, apanha-se depressa, beija-se como a um símbolo e volta a depor-se, com respeito, na mesa ou no regaço.